Aqui está a entrevista que fiz para Zonadebasquet.com, uma página importante sobre as ligas da FEB. Muito grato pela oportunidade que me foi dada e os meus mais sinceros parabéns pelo trabalho que fazem todos os fins de semana.
Hoje temos a sorte na Zona de Básquet de conversar com Gustavo Soares (1986), um treinador português que cada época cresce enquanto lidera o Estudiantes Lugo Leyma Natura depois de passar do campo de jogo para o banco. Esta época enfrenta uma profunda renovação da equipa, mas o começo tem sido bom, apesar da lavagem de cara da equipa.
Zona de Bàsquet – Começámos pela tua etapa como jogador, como foi esse salto de jogador de formação que chega à primeira equipa do F.C.Porto?
Comecei a jogar basquetebol na equipa mini do F.C. Porto, tive a oportunidade de ser internacional em seleções de formação pelo meu país e cresci como jogador e pessoa sempre no mesmo clube, até que na época 2004-2005 sendo júnior fui chamado para assinar o meu primeiro contrato profissional e combinar a equipa júnior, a equipa da 1ª Divisão e a equipa profissional.
A mudança foi enorme, 3 jogos por semana, treinar de manhã, tarde e noite praticamente todos os dias e a responsabilidade adicional de três equipas que jogavam para ser campeão de Portugal em cada categoria.
Que confiasse em mim para completar a equipa profissional um dos melhores treinadores de Portugal, Luís Magalhães, e ter a oportunidade de competir e aprender diariamente contra os jogadores que seguia e foram um exemplo para mim como Paulo Cunha, Sérgio Silva, João Rocha, Heshimu Evans, Nuno Marçal, Zé Costa entre muitos outros foi um sonho tornado realidade.
Nesse mesmo ano ganhamos o campeonato de Portugal Júnior, que tinha escapado nos 5 anos anteriores, e no ano seguinte a 1ª Divisão, com a equipa profissional, nos 3 anos que estive lá ganhamos 2 Taças de Portugal, 1 Súper Taça e 1 Taça da Liga, a única coisa que me escapou infelizmente foi o campeonato português que espero um dia vir a ganhar como treinador.
ZdB – De repente dás uma volta na tua carreira e vens para Espanha, no Estudiantes de Lugo de liga EBA, como foi essa mudança e as razões que te levaram a isso?
O principal motivo foi o desejo de jogar mais minutos e de me sentir importante, já só jogava a liga profissional e tinha poucos minutos.
Entrei em contato com o diretor desportivo do Club Estudiantes Lugo, Cristino Menor, que tinha sido o meu treinador e diretor desportivo na formação do Porto durante 5 anos, e encontramos a oportunidade de trabalhar juntos novamente.
O treinador da EBA que era o Lisardo Gomez e o do Breogán, o Paco García aprovaram a contratação e assim foi como acabei jogando com o Estudiantes e treinar com o Breogán.
A oportunidade de conhecer um novo país, uma nova cultura e enfrentar uma liga mais forte foi decisiva.
ZdB – Jogas várias épocas na liga EBA a bom nível e começas treinar as categorias inferiores de um clube com fama na formação como o Estudiantes Lugo. Como foram esses inícios de treinador?, por que equipas começaste?
Desde o primeiro momento em Lugo o Cristino anima-me a participar nas escolinhas mini e começar a treinar uma equipa.
Comecei de adjunto no Mini Masculino e por motivos pessoais do primeiro treinador acabei a época sendo o treinador principal. O ano seguinte treinei ao Mini Feminino que realmente foi a minha primeira equipa como treinador e que guardo grandes recordações.
A partir de aí passei por todas as categorias do clube aprendendo e crescendo passo a passo, iniciadas feminino (2 anos), cadete feminino (1 ano), júnior masculino distrital (2 anos) até que deixei de jogar para treinar o sénior da primeira divisão nacional (1 ano).
Acho que foi uma progressão com sentido sem queimar etapas e que levou o seu tempo mas como em tudo são experiencias vitais que no dia de hoje fazem que cometa menos erros e esteja mais seguro.
ZdB – Na época 15-16 ganhas o campeonato galego júnior e jogas o Campeonato de Espanha com uma equipa onde está Pablo Ferreiro, actual jogador LEB Oro, como jogador chave, como foi aquela época?
Que recordações! A verdade é que essa foi uma grande época, ganhamos a Copa Galiza, a Liga Galega em que só perdemos um jogo e fomos ao Campeonato de Espanha ao grupo da morte com o Baskonia, Unicaja e Estudiantes de Madrid. O jogo contra Unicaja é um dos melhores jogos que tive oportunidade de dirigir e foi uma pena não ter dado a surpresa.
Quando ao acabar a época Pablo Ferreiro assina em Oro no Basquet Coruña foi uma sensação para todo o clube de trabalho realizado porque era mais um jogador que saía da nossa formação para uma liga superior.
Para mim particularmente fez-me especial ilusão porque Pablo era parte do mini masculino que treinei naquele 2007. Para além de Pablo, esse júnior tinha muito talento com Joel Kabimba que actualmente está em EEUU, Dusan Juzbasic que o ano passado jogava em EBA en Burgos, Mateo que agora está em León (EBA) ou Alex Rivas que subia à equipa sendo cadete.
ZdB – Num clube como Estudiantes de Lugo, com os juniores em dinâmica EBA, passas a ser o treinador da primeira equipa na época 16-17. Como foi esse salto a uma categoría senior?
Na época anterior fui adjunto da equipa EBA e principal do Júnior, quando Álex Polo decide deixar a equipa, Cristino propõe-me ser o treinador principal. Sabíamos que ia ser mais um ano de restruturação, porque saiam jogadores muito importante e que levavam anos no clube como Gullit Mukendi (Valladolid, LEB Plata), Milo Vukcevic (Zamora, EBA), Jaime Llano, Pablo Ferreiro (Basquet Coruña, Oro), José Lopez (León, EBA) e Joel Kabimba (EEUU).
Ainda por cima, o Breogán muda de presidente a finais de Agosto, contratam a um novo treinador e recuperam a vinculação com Estudiantes Lugo que se tinha perdido nos últimos anos, assim que enquanto construíamos as duas equipas, praticamente todos os nossos jogadores ajudaram o Breogán na pré-época e de forma continuada durante a liga para assegurar que o Breogán tivesse sempre 12 jogadores para treinar.
Uma vez feita a equipa encontrei uma equipa jovem mas com muita ilusão, 3 dinâmicas para gerir, ex companheiros de equipa que passaram agora a ser meus jogadores (Javi Prieto, Marcos Ruiz e Adrián) e uma equipa praticamente nova.
Suponho que a minha experiencia como jogador no F.C.Porto em que comparti varias equipas no mesmo ano e por suposto ter de tutores ao Cristino Menor, Álex Polo e a Natxo Lezcano com quem rapidamente houve um grande entendimento ajudou a que tudo saíra bem.
ZdB – Esta época 18-19 houve umas mudanças radicais na coluna vertebral da equipa (López, Beltrán, Córdoba) dão o salto a Prata, o que deixa uma equipa onde outros jogadores deveriam dar um passo em frente. Quando fazes o planning de pré-época, como lidas com estas mudanças?
Praticamente todos os anos temos que desenhar tudo praticamente do 0 neste clube, mas este ano foi especialmente duro porque perdemos não só jogadores com muitos pontos, mas também gente que levava muitos anos no clube. Quando começamos a desenhar a nova época coincidimos com a direcção desportiva em que deveríamos priorizar a equipa júnior, que é uma geração com muito talento, e voltar a pensar a largo prazo. Se íamos apostar pelos juniores devíamos dar-lhes oportunidades na equipa sénior para possam ganhar experiencia, por tanto as licenças EBA deviam ser poucas e muito pensadas, isto faz com que a gestão seja complicada mas ao final acho que construímos algo interessante e principalmente a largo prazo.
ZdB – O início foi espectacular, 5 vitórias em 5 jogos.
A pré-época não foi boa, perdemos contra Chantada e contra Rosalía e ganhamos um amigável contra Carballo: muitas caras novas, custou assentar todas as peças mas já em liga o inicio não podia ser melhor, 5 vitorias em 5 jogos mas principalmente ganhando a Betanzos e a Carbajosa que são equipas potentes na nossa liga e sem Mor, que é um jogador importante no nosso jogo e ganhando dois jogos por diferenças de 2 pontos que na realidade não esperas porque tens um equipo muito jovem e construído recentemente. Também muito contente por recuperar a sensação de ser fortes em casa que nos últimos dois anos não acabávamos de o conseguir.
Por outra parte confiamos no grupo que temos agora mesmo, mas não fechamos a porta a encontrar algum jogador que nos possa fazer melhores no dia-a-dia, mas em qualquer dos casos a operação tinha que ser muito bem medida.
ZdB – Ainda que a força esteja na equipa, com este desenho que nos comentaste que da lugar a que haja 14 jogadores com minutos, entre eles vários juniores, o nome de Gabriel Gómez cada vez tem mais força, porque já foi o MVP de uma jornada, é uma vantagem contar com a sua versatilidade?
Efectivamente a força esta na equipa e a prova de isso é que na primeira jornada Titas é o nosso melhor jogador, na segunda Rivas fez um jogo muito completo, na terceira Gabriel é o MVP da jornada, contra Rosalía y Agustinos, jornada 4 e 5 Adrián é o nosso melhor jogador, mas um detalhe importante é que nos 4 jogos temos a 4 ou mais jogadores com mais de 10 pontos e todos os que jogam sempre aportam muito.
Gabriel está a ser uma grata surpresa, claro que a sua versatilidade é uma vantagem, era uma das coisas que mais tínhamos avaliado, vimos jogar em Alcobendas de 1, 3 e 4. Pode jogar aberto ou de costas, de 3 ou de 4, tem lançamento e também 1×1 e para além disso sendo jovem conhece a liga, mas ainda por cima é bom companheiro de balneário, uma pessoa excepcional e que faz equipa, mesmo o que procurávamos para ajudar a integrar a todos os juniores que queremos ter em dinâmica.
ZdB – Outro dos nomes que devem ser ser importantes depois do passo em frente que deram o ano passado são Andrés Corral (verdadeiro motor, que já deu um passo a frente quando Marcos Ruiz teve que abandonar a equipa no ano passado) e, como nos comentavas, Mor Niang (centímetros e juventude na pintura), que parece que melhora jornada a jornada. Que nos podes contar deles?
Andrés têm estado nos últimos 3 anos a um grande nível, tem genética competitiva, o pai foi um grande treinador de basquetebol e a mãe de voleibol, não gosta de perder a nada, é um excelente defesa, conhece muito bem o jogo e a liga e cada dia que passa continua a melhorar a sua forma de jogar com mais recursos como o lançamento exterior ou criar vantagens desde o bloqueio directo.
Mor Niang é muito jovem e tem uma margem de melhora muito grande, dá-nos muito no ressalto e nas continuações de bloqueio directo, na defesa intimida muito ao adversário e protege a nossa pintura. Trabalhamos com ele para que possa criar os seus próprios lançamentos desde o poste baixo e a lançar com eficiência cada mais longe do aro.
ZdB – Não nos podemos esquecer do núcleo, Pérez, Prieto, Adrián López que volta… Imagino que muito importantes no dia a dia.
Muito importantes, primeiro porque são de Lugo, depois porque jogam todos à mais de 10 anos no clube no qual já são referencias
Javi Prieto é o nosso capitão e a alma da equipa, chegou o mesmo ano que eu ao clube e temos uma grande relação de amizade, pode jogar de costas o lançar de 3 e na defesa protege muito o caminho ao aro.
Iker Pérez é outro jogador que treinei quando era mini, é um jogador muito físico, pode defender a um 1 e a um 4 e gosta de emparelhar-se com os melhores jogadores da outra equipa, ajuda muito no ressalto e é muito vertical no 1×1. Trabalhamos a diário na eficácia do seu lançamento a pés quietos e que melhore a tomada de decisões.
Adrián no ultimo ano não pôde jogar por motivos de trabalho, este ano estava novamente disponível, cada dia que passa dá mais a equipa, mas devemos ir pouco a pouco porque perdeu bastante explosividade que era uma das grandes características que tinha, é um grande defesa e muito vertical no ataque, trabalhamos para que o seu lançamento seja um recurso mais no seu jogo.
ZdB – Na época passada na nossa página web fizemos referencia a Alejandro Rivas, dentro da entrada dos melhores juniores de liga EBA 17-19, esta época tem de media quase 10 pontos por jogo e 22 minutos jogados por jogo. Se continua a trabalhar podemos dizer que Rivas vai seguir os passos dos López, Córdoba e companhia?
Alejandro Rivas é um grande projeto dentro do nosso clube, veio para Lugo muito jovem e teve bastantes lesões, mas é um rapaz com uma cabeça muito equilibrada e com as ideias claras. Cada lesão que teve saiu reforçado, o ano passado já era parte da equipa EBA e chegou a treinar com o Breogán. Este ano está feliz, as lesões respeitam-no e está a desfrutar no campo. Achamos que tem um talento nato e que pode ser mais uma alegria para o nosso clube, talvez seja possível que num futuro próximo vamos a vê-lo jogar numa liga superior a liga EBA, mas de momento tem muito que trabalhar e ele sabe disso. É um jogador versátil que deve procurar ser mais 2 que 3 mesmo sabendo que pode jogar de falso 4 pelo seu físico. Tem lançamento a pés quietos, joga muito bem sem bola e gosta de defender, deve jogar mais 1×1 porque é capaz de faze-lo.
ZdB – É hora de falar dos juniores, que nos Estudiantes Lugo, um clube de formação, sempre tem espaço, e este ano os rapazes que chegaram do ABQ Calahorra começaram fortes, que podes contar-nos Janusevicius e Mensah? Também não queremos esquecer-nos dos que estão em dinâmica EBA-Junior como Iago Fernández, Luis Fernández, Lucas Álvarez e Iván Cabezudo.
A prioridade era fortalecer os juniores, por isso o primeiro treino da semana é em conjunto com os juniores para que a dinâmica seja muito similar já que compartimos muitos jogadores, o resto dos dias há 6 ou 7 juniores em dinâmica ainda que só 4 possam ir convocados, de momento estamos muito contentes com todos.
Em relação aos de segundo ano:
Iago já tinha tido minutos o ano passado em EBA e foi um jogador importante ao final da época depois da saída de Marcos Ruiz. Sabemos o que pode fazer, tem um talento para anotar enorme, este inicio de época esta a custar-lhe um bocado mais porque está muito preocupado em fazer jogar a equipa, pouco a pouco vai encontrar o seu lugar.
Titas Janusevicius deve melhorar na defesa, em ataque é um jogador que quando está acertado tem que ter a bola, é um jogador muito completo no ataque ainda que deva melhorar a tomada de decisões.
Mark Mensah joga basquetebol à pouco tempo e taticamente custa-lhe, mas fisicamente pode defender tanto a um extremo como a um poste, deve melhorar o lançamento e o drible para poder evoluir a ser um bom 3.
Luis, Lucas, Iván e Diego são juniores de primeiro ano e treinam com EBA, são jogadores com uma projeção muito grande que devem ir passo a passo sem queimar etapas.
ZdB – Pese ao grande inicio, qual é o objetivo da equipa esta época ou vais jornada a jornada?
O objetivo da equipa é não descer, a liga EBA, e mais no nosso grupo, é muito dura, subir é muito difícil e descer muito fácil, sempre exige dar o máximo e pensar jornada a jornada, ganhas dois jogos e estás lá encima mas perder dois e vês a linha de agua muito perto.
Somos uma equipa jovem, com jogadores que devem melhorar todos os dias e exigir-se ao máximo, por isso sempre pensamos jornada a jornada, saímos a ganhar, a pôr em prática toda a melhora individual e a desfrutar, obviamente a nossa ilusão faz-nos pensar mais do que não descer e mais quando estás 5-0, mas devemos ter os pés no chão e saber que isto é muito largo, que estamos num ano de restruturação com muita gente jovem, com o plantel aberto e que em qualquer momento a situação pode mudar, mas de momento devemos desfrutar.
Estes últimos anos sempre que acabamos a época, mais do que a classificação, avaliamos a melhora individual dos jogadores, o grande objetivo é que os nossos jogadores sejam melhores e que acabem em equipas de ligas superiores.
ZdB – Em relação ao estilo de jogo, que ideia propões e que podes comentar para que os fans vejam os vossos jogos?
Acreditamos que a nossa principal vantagem é ter um plantel largo e muito jovem para a liga, por isso a nossa ideia principal é ter muito ritmo, prioridade absoluta em boas defesas com todo o mundo ao 100% e lutando duro cada defesa para a partir de aí tentar correr sempre, jogar sempre que possível em transição e se não é possível em estático, mas sempre fácil e com ideias claras. Temos muitos jogadores com pontos e devemos ser inteligentes para encontra-los.
Espero que os fans venham a ver-nos porque Lugo é uma cidade de basquetebol e ainda por cima deviam identificar-se com uma equipa jovem que luta e que trabalha duro para ganhar cada minuto e cada oportunidade em campo, porque temos muitos Lucenses no plantel e para que os jovens jogadores de basquetebol de Lugo vejam que o trabalho duro e o sacrifício tem recompensa.
ZdB – Qual é o papel dos teus adjuntos na tua forma de treinar, e como dividem o trabalho?
Tenho sorte de trabalhar com dois adjuntos e um preparador físico quase todos os dias, o JaviPeinó está comigo desde que treino a equipa EBA e o Jesús Placer que chegou a meio do ano passado.
No trabalho de vídeo Jesús é o responsável do Scouting Largo do rival contra quem vamos jogar dentro de 15 dias que é só para o corpo técnico, e Javi é o responsável do Scoutingcurto e dos jogadores que nunca supera os 5 ou 6 minutos, enquanto eu encarrego-me do vídeo do post-jogo e dos informes de estatísticas avançadas.
Durante as sessões sempre tento ter tarefas muito definidas e gosto muito que participem e deem a sua opinião sobre tudo o que acontece no treino. Há até sessões em que cada um dirige um cinco e simulamos um jogo real. Confio muito neles e conto sempre com a sua opinião.
Depois na dinâmica temos também o preparador físico, o psicólogo, o diretor desportivo (encarrega-se das sessões especificas de técnica individual) e o fisioterapeuta que vai completando a semana e fornecendo-nos informação sobre o estado dos jogadores e que para mim são uma parte muito importante mas menos visível do corpo técnico.
ZdB – Ainda que tenhas dirigido vários anos em Liga EBA, ainda és muito jovem, notas uma evolução estes anos como treinador?
Claro que sim e fico contente de que assim seja, cada ano que passa avalio o que fiz bem e mal, tento assistir a clinics, ver outros treinadores treinar e principalmente ver jogos de outras ligas e países, tato masculino como feminino. Obviamente a competição exige e não permite relaxar-se, sou consciente da oportunidade que tenho e tento faze-lo bem.
ZdB – Tens uma web própria para temas profissionais, nela é possível informar-se mais sobre ti e do que fazes, como fazes para compaginar trabalho, treinos e ainda realizar trabalhos extras? Tens dias de 48 horas?
Com 36 horas chegava perfeitamente! http://www.gustavosoaresmota.com é um pequeno projeto pessoal aproveitando que estou formado e trabalho na área da informática, a ideia principal é ter um curriculum online tanto para o basquetebol como para a informática. Para o basquetebol, ter um espaço onde recordar as equipas e companheiros com que joguei e treinei e para a informática dar a conhecer pequenos trabalhos que faço quando tenho um bocadinho mais de tempo livre.
ZdB – O mundo dos treinadores é complexo, mas dada a tua projeção e futuro, achas que proximamente podes dar o salto a profissional e dedicar-te ao 100% ao basquetebol, ou por agora estás bem como estás?
Como tu dizes é um mundo complexo e eu ainda sou jovem, continuo a formar-me e tento que o trabalho que faço seja visível não só pelos resultados mas também, e quase mais importante, nos jogadores. Sou consciente do difícil que é chegar a poder dizer que és treinador profissional e que te dedicas só a isso, neste momento estou contente na equipa EBA de Lugo mas trabalho para que no caso de que surja a oportunidade de ser profissional no basquetebol estar preparado, em Espanha, Portugal ou em qualquer outro sitio.
ZdB – Queremos saber um pouco mais sobre a estrutura do Club Estudiantes Lugo, podes comentar-nos quantas equipas tem o clube e que supõe a existência desta instituição para Lugo?
Fico contente que faças esta pergunta porque eu acho que pouca gente é realmente consciente do que é o Club Estudiantes Lugo Leyma Natura.
Atualmente somos 27 equipas, 325 atletas, 22 treinadores dos quais 8 somos treinadores superiores. Com 650 pais e 325 atletas numa cidade 100.000 habitantes onde se praticam muitos desportos e quase todos em ligas importantes, acho que somos uma percentagem importante no mundo do desporto Lucense.
O projeto que me apresentam em 2007 Cristino, Caneda (ex-presidente), Suso (atual Presidente) e Chopi (vice-presidente) tinha e tem como objetivo formar pessoas para o basquetebol, jogadores, treinadores, delegados, diretores, árbitros ou oficiais de mesa. Dar uma oportunidade à gente de praticar desporto e que os que têm projeção e estão dispostos a sacrificar-se dar-lhes as ferramentas e os meios para trabalhar e tentar chegar o mais longe possível.
Nos últimos 11 anos pela equipa EBA passaram muitos jogadores que ou são Lucenses ou vieram ao Estudiantes para acabar a sua formação desportiva e que usaram o Estudiantes como ponte ao profissionalismo como o Erik e o Sergi Quintela, o Adrián Chapela, o Alex Reyes, o Seydou Aboubacar, o Chema García e o Alex Bortolussi (Leb Oro) ou o Gullit Mukendi, José Lopez, Pablo Cordoba, Javier Beltrán, Placide Nakidjim (Leb Plata) o Arnette Hallman e o Rafa Wildner (1ª de Portugal) ou a Esther Castedo (Robert Morris NCAA) sem esquecer-nos do Mikel Uriz e do Charles Nkaloulou atualmente em Francia e outros que atualmente já não se dedicam ao basquetebol mas que seguramente tem boas recordações do tempo que passaram aqui.
ZdB – Muito obrigado pelo teu tempo Gustavo, e por estar sempre a disposição desta web.
Pode ler a entrevista original na página de zonadebasquet.com clicando aquí e aproveitar para segui-los que fazem um fantástico trabalho divulgando as ligas FEB.